Opinião | "Palavras nas Paredes" de Julia Walton

 

Devido a esta capa linda, iniciei este livro a pensar que seria um romance fofinho, mas enganei-me redondamente. O livro é muito forte e emocionante, não esperava que a autora conseguisse abordar tão bem este tema e ainda conseguir envolver-me imenso com a história. A forma como está escrito também é bastante original e muito diferente e gostei bastante. Assim que iniciei só queria chegar ao fim para saber o que iria acontecer a este rapaz.

Neste livro vamos conhecer o Adam, ele tem esquizofrenia e por isso ele vê pessoas que não existem e o pior, tem episódios que o faz duvidar do que é real ou não. Quando inicia um novo ensaio clínico e muda de escola vê que pode ter uma vida "quase" normal. Nesta nova escola o Adam vai conhecer novos amigos e principalmente descobrir o amor. A Maya é uma jovem bastante inteligente e pouco a pouco vai aproximando-se do Adam, ela não tem uma vida fácil e é lindo a forma como os dois se vão aproximando. Mas a doença do Adam continua lá, tudo mais suave, afinal de contas está a ser medicado, mas nunca desaparece e ele também tem que continuar a lutar para perceber o que é, ou não real.

Começo já por dizer que adorei o romance, a Maya é uma menina tão querida e vamos percebendo que ela é também muito forte e isso é notório ao longo do livro. É o típico romance juvenil de dois adolescentes a descobrirem o primeiro amor, mas ambos têm problemas e a forma como ambos ajudam um ao outro é simplesmente lindo e muito emocionante.

Relativamente à doença em si, não sei se é completamente real, acredito que sim porque a autora diz que fez uma pesquisa e vou ser sincera, eu sabia muito pouco (ou até mesmo nada) sobre esquizofrenia e fiquei chocada o quanto pode influenciar a vida de uma pessoa. Doenças mentais, infelizmente ainda são um tabu e não deveria ser. O que acontece ao Adam é só a prova de como os adolescentes (e até mesmo adultos) precisam de mais conhecimento, para isso é necessário passar essa informação para os jovens sobre doenças que não são tão faladas. Numa altura como esta já não deveria haver este estigma e infelizmente ainda existe. 

Ao lermos este livro, ficamos a conhecer a história do Adam através do diário que ele escreve ao psicólogo. Durante as sessões o Adam recusa-se a falar e o livro todo é o que ele escreve ao psicólogo. Já li livros escrito em cartas e até emails e sempre gostei, mas acredito que seja bastante complicado conseguir juntar todos os desenvolvimentos neste tipo de escrita e posso dizer que Julia Walton conseguiu. Vou ser sincera, quando vi que o livro estava assim escrito fiquei com medo de não gostar, mas assim que iniciei fiquei completamente presa à narrativa e posso dizer que a autora foi sensacional na forma como desenvolveu esta trama. O que o Adam escreve ao psicólogo é exatamente aquilo que o leitor quer ler, assim não temos "palha" e tudo é bastante direto ao ponto.

Por último, quero dizer que também já vi o filme e não tem nada a ver. Algumas coisas estão lá, mas no geral é praticamente outra história, o problema não é ser uma adaptação, mas sim alterarem por completo os personagens e a própria narrativa. Realmente não recomendo que vejam o filme, leiam o livro e depois, se quiserem, vejam o filme, mas leiam o livro primeiro que acreditem é muito, mas mesmo muito melhor. Claro que normalmente os livros são sempre melhores que o filme, mas neste caso estamos a falar de uma adaptação que correu bastante mal, a história do livro é linda e bastante emocionante, o filme é chato, não conseguimos ter emoção e só queremos é que acabe rapidamente (sim o filme é mesmo mau).

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