22/12/2010

Destino - 3º Capítulo

3º Capítulo – Inesperado

Ele continuava com o olhar fixo em mim e eu tremia cada vez mais, eu não poderia acreditar que ele se encontrava mesmo á minha frente.
Como era possível?
Eu lembro-me perfeitamente de cada traço do seu rosto, eu não me enganaria e parece que por alguma razão ele também se lembrava de mim.
- Senhor Black, faz o favor de se sentar na sua mesa que já interrompeu demasiado a aula e isto para não o expulsar da sala. – disse-lhe a professora e nesse momento ele saiu do transe e começou a vir na minha direcção.
Comecei a sentir-me cada vez pior, sentia o suor a escorrer-me pela face e os tremores de medo pelo meu corpo.
Quando ele olhou para mim, sentou-se ao meu lado, o que fez com que eu me encolhe-se mais na cadeira e me encosta-se á parede.
A aula passou bem devagar e ele passou o resto da aula sempre a olhar para mim e por momentos consegui perceber que ele sabia que eu o reconheci, pois no seu olhar estava triste, mas eu não me podia dar ao luxo de olhar para ele dessa forma, o que ele fez não tem perdão e eu só quero ficar longe dele o máximo que conseguir.
Quando o sinal tocou eu sai da sala o mais rápido possível, passei pela Claire sem lhe dizer nada, ainda a ouvi a chamar por mim, mas não liguei.
Quando cheguei junto ao meu carro entrei nele e ai não consegui segurar as lágrimas, porque tudo tinha que me acontecer?
Primeiro acontece-me aquilo aos catorze anos, depois os meus pais morrem e agora volto para o mesmo sítio de á três anos atrás e reencontro a pessoa que me tirou o mais precioso que tinha.
Isto é demais para uma rapariga de dezassete anos, eu não aguento mais.
Eu segurava-me no volante do carro e tentava não chorar, mas as lágrimas teimavam em cair e eu não as conseguia controlar.
Eu sentia tantas saudades dos meus pais, aqueles que mesmo estando longe eram o que mais amava e os únicos que me faziam sentir segura e com a certeza que mais nada de mal me aconteceria, mas o impensável aconteceu e eles morreram.
Eu estava tão distraída nos meus pensamentos que só me dou conta onde estou quando batem no vidro do carro, fazendo com que me assustasse e limpasse as lágrimas rapidamente, sorte que os vidros eram esfumados e ninguém me via do lado de fora.
Quando eu olho para a janela vejo a Claire parada lá com uma cara apressada.
- Nessie, Nessie, eu sei que estás ai, eu vi-te a entrar no carro, mas já tocou e temos que ir para a aula. – ela disse-me alheia ao meu estado.
Eu não queria sair de lá, mas sabia que ela não ia descansar, pelos poucos minutos que já estive com ela consegui perceber que ela não desiste daquilo que quer.
Quando abro a porta ela fica super surpreendida pelo meu estado.
- Renesmee o que aconteceu querida? – perguntou-me quando eu seguia para uma casa-de-banho mais próxima.
- Por favor Claire, não faças perguntas. – disse-lhe e ela acenou afirmativamente.
Depois de limpar a cara e de a disfarçar com um bom corrector e uma base fomos em direcção á aula de literatura.
- Professor, desculpe o atraso. – a Claire tentou justificar.
- Professor eu sou nova aqui, mas senti-me mal e a Claire ajudou-me, a culpa foi minha desculpe não volta a acontecer. – expliquei ao professor não sendo totalmente mentira.
Quando olho em direcção a um lugar para me sentar reparo que apenas á um lugar junto ao tal Black e a Claire também já tem companheira de carteira, que por acaso é a mesma da aula anterior.
- Claro meninas, não faz mal. Menina Cullen sente-se junto ao Jacob para dar-mos continuidade á aula. – disse o professor.
Eu não queria me sentar ao lado dele, mas eu não tinha outro lugar, por isso tinha que me habituar.
Quando cheguei ao lado dele, ele tirou o seu material de junto da cadeira do lado e deixou-me sentar mandando-me um fraco sorriso.
Novamente a aula passou bem devagar, eu apenas queria desaparecer dali, não estava disposta a dar conversa a ele, então tentei concentrar-me ao máximo no que o professor explicava que, novamente como na aula anterior, a matéria que ele explicava eu já tinha dado no colégio.
Quando sai da aula decidida a ir directa para a próxima aula senti alguém a puxar-me o braço.
- Podemos falar? – ele pediu-me.
Nessie momento o meu coração disparou e senti-me tonta, mas estava segura que teria que ser forte.
- Não temos nada para falar. – disse-lhe. – Eu nem te conheço. – menti-lhe.
- Podes ter o cabelo mais escuro, mas esses olhos nunca esqueceria. – ele disse-me olhando para os meus olhos.
O meu cabelo tinha escurecido com o tempo, a minha mãe diz que foi devido á minha depressão, mas eu não ligo, tendo o cabelo bronze como o do meu pai ou cabelo escuro para mim era o mesmo, eu não ligava a isso.
- Larga-me por favor. Não temos nada para falar. Eu só quero esquecer o passado. – eu implorei-lhe já sentindo as lágrimas prestes a escorrerem.
E nesse momento ele largou-me o braço e deixou-me ir.
Quando sai da sala tinha a Claire á minha espera.
- O que ele queria? – perguntou-me.
- Nada apenas saber quem eu era. – inventei e controlei as lágrimas.
- Pois, muito á Jacob Black. Nessie não caias nas cantigas dele, ele é um autêntico mulherengo que só magoa as raparigas. – ela explicou-me e eu apenas acenei-lhe afirmativamente.
Eu sabia muito bem que tipo de espécie que ele era, até de mais, mas, se dependesse de mim, nunca ninguém iria saber e levaria este segredo para o meu túmulo, mas para isso Jacob Black tem que me deixar em paz, para eu conseguir enterrar o meu passado.
A ultima aula do dia seria novamente com ele, mas felizmente tive um lugar bem longe da mesa dele, apesar de durante toda a aula sentir o seu olhar preso em mim eu foquei-me ao máximo na matéria.
Afinal o que ele quer de mim?
Já não basta o que aconteceu, ainda quer o quê?
Me fazer sofrer mais?
Já não basta todos os anos que passai?
No fim da aula corri para o meu carro e sai daquela escola o mais rápido que consegui.
Quando cheguei a casa a minha avó veio-me receber com um enorme sorriso.
- Querida, como correu a escola? – perguntou-me.
- Normal avó. E o almoço, precisas de ajuda? – perguntei-lhe tentando mudar de assunto.
- Não querida obrigada, o almoço já está pronto. Vem, espero que gostes. – disse-me dirigindo-se para a cozinha e eu segui-a.
O almoço estava maravilhoso, quer dizer todas as receitas da minha avó eram maravilhosas e esta não era diferente.
O resto da tarde passei a estudar, pois quando não estava a pensar em algo em particular, a face dele vinha-me á mente e pedaços de á três anos voltavam em força fazendo-me chorar sem conseguir controlar as lágrimas.

“-Não, por favor, pára. – eu pedia-lhe já com as lágrimas a escorrerem-me pela face.
Eu sabia que tinha que sair dali, mas não conseguia, o meu corpo não me obedecia, eu não me conseguia mexer e só falava, mas não conseguia gritar, a minha garganta ardia, parecia que ia sufocar-me.”

As lembranças vinham com força e passei o resto da noite assim.
As semanas passaram lentamente, eu distanciava-me cada vez mais dos meus familiares e na escola apenas falava com a Claire e á pouco tempo com o Seth.
O Seth era um bom rapaz, era simpático, querido e divertido, era uma das poucas pessoas que me fazia rir nos dias que estava pior.
Durante este tempo soube que a Claire namora com o Quil, que vim a descobrir mais tarde que era um dos melhores amigos do Jacob.
No início fiquei com medo, sendo o Quil o melhor amigo do Jacob, ele poderia saber o que aconteceu á três anos, mesmo não querendo acreditar nisso, fiquei a pensar nisso durante dias, mas cheguei á conclusão que o Quil não sabia, pois ele olhava para mim de forma completamente normal, nada de estranho.
O Jacob está cada vez mais afastado de mim, o que me deixa aliviada, ele anda sempre agarrado á puta da Leah (o Seth que me desculpe, mas a irmã dele é mesmo assim e não tem vergonha na cara) fazendo quase sexo explicito no meio da escola.
Quando os vejo não sei o que me dá, mas fico com o coração apertado, o que penso logo que é ódio, depois de tudo o que ele fez, ele reage como se nada tivesse acontecido, o que me deixa super irritada e nervosa.
- Renesmee, Renesmee. – chamou-me a minha tia Alice.
- Estou no quarto tia. – respondi-lhe.
- Querida, eu a Rose vamos ao shopping e queremos que venhas também. – eu fiz uma cara de nojo, eu detestava shoppings e tudo o que tinha a haver com compras. – Nem venhas com essa cara, desde que chegaste nunca quiseste ir, desta vez não tens escapatória possível. – disse-me a minha tia agarrando a minha mãe e levantando-me da cama.
- Tia, por favor. – fiz aquela carinha de anjo, que muitas vezes deu resultado com os meus pais.
- Nem venhas Renesmee, tu vais hoje connosco e mais nada. – ela disse-me puxando-me pela escadas.
- Pronto tia, ganhaste. – eu disse-lhe amuada.
- Eu sabia, eu sabia. – ela gritou dando pulinhos de alegria.
Após uma hora de carro em direcção a Port Angeles, chegámos ao shopping e ele estava lotado de pessoas, isto é o que dá ser o único da região.
- Na próxima vez vamos a Seattle, aqui não tem nada de jeito. – comentou a minha tia após termos dado a volta toda ao centro comercial umas sete vezes e já tendo nas maus uns quatro sacos cada uma.
- Tia, se dizes que aqui não tem nada de jeito, porque já comprámos tanta coisa? – perguntei-lhe, mas no segundo seguinte arrependi-me de ter feito essa pergunta.
- Tanta coisa? Renesmee eu só vejo uma meia dúzia de sacos e estão quase vazios, isso não é nada querida. – ela respondeu-me como se fosse a coisa mais obvia do mundo.
Eu nem me dei ao trabalho de responder pois logo a seguir ela já me estava a puxar em direcção a uma loja de roupa onde experimentei montes de blusas, calças e uns vestidos que eu simplesmente detestei, mas as minhas tias pareciam que estavam a ver o pote de ouro.
- Fica-te lindamente Renesmee, estás maravilhosa. – dizia-me a tia Rose.
- Podes crer Rose, ela parece um anjo. – comentou a tia Alice.
Eu estava com um vestido branco, com corte simples e que vinha até a meio da coxa.
Para mim ele era muito curto e o branco era quase transparente, onde eu iria usar uma coisa destas?
- Tias eu não gosto muito. – expliquei-lhes.
- Renesmee, nem me venhas com isso, esse vestido fica-te perfeito. Vamos levar. – disse-me a tia Rose.
Eu sabia que com aquelas duas eu não tinha hipóteses, a sorte é que elas deixaram-me levar um par de calças de ganga e um top simples, pelo menos as compras de hoje tinham sido salvas por aquelas ultimas duas peças.
No fim do dia, já carregadas de sacos e saquinhos dirigimo-nos á zona de refeição para lancharmos.
As minhas tias foram buscar um sumo natural e uma salada de frutas, mania das dietas, pelo contrário, eu estava cheia de fome e fui em direcção aos hambúrgueres, mas quando lá cheguei amaldiçoei-me por não ter escolhido outra coisa pois ele estava lá e já me tinha visto.
Eu continuei como se nada tivesse acontecido, mas ele fez questão de vir ao pé de mim.
- Boa tarde. – ele cumprimentou-me com aquele sorriso maravilhoso.
Mas eu sabia que não podia falhar e tinha que manter o ar de indiferença.
- Oi. – apenas lhe disse, tomando atenção á fila.
- Renesmee temos que falar melhor. – ele disse-me no meu ouvido fazendo com que eu tremesse.
- Jacob, não temos nada que falar. – disse-lhe sem olhar para ele.
- Renesmee, não faças com que nada tivesse acontecido. – ele comentou ficando logo com uma cara triste.
Cara triste?
Espera lá, o que ele quer com esta conversa?
- Para mim é como se nada tivesse acontecido, ou pelo menos assim eu quero. – falei-lhe olhando para os seus olhos, mas nesse momento eu perdi-me naqueles pedras escuras, eu não sabia o que fazer, o seu olhar estava preso no meu, e só quando a Leah meteu-se entre nós é que eu sai do transe em que estava.
- Jake, vamos? – perguntou-lhe ela após o beijá-lo bem na minha frente.
Ele dirigiu-se atrás da Leah e eu continuei na fila para os hambúrgueres, mas uma coisa não me saia da cabeça, aqueles olhos não me saiam da cabeça.
Ai Renesmee, para com isso, esquece, ele só quer fazer-te o mesmo que no passado, esquece.
Depois de lancharmos voltei para casa, nesse fim-de-semana não o vi mais, mas uma ansiedade estúpida para ser segunda-feira me dominou, eu antes só o queria bater e espancá-lo até á morte, para ele saber o que eu sofri, mas agora eu já não sabia o que pensar.
Mas uma coisa eu tenho a certeza: não me posso aproximar dele, isso é apenas o que eu sei.

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